A Visão fez uma matéria desenvolvida sobre a utilização do Tik Tok pelos mais jovens e revela inúmeras histórias sobre como se realiza o contacto dos jovens com conteúdos associados à direita radical. Gustavo Cardoso, responsável pelo IBERIFIER em Portugal, explica na peça publicada a 10 de janeiro, e que foi tema de capa da revista, que tem havido uma desvalorização desta rede social mas que está convencido que “nas próximas eleições, o Tik Tok poderá ser um ‘player tão importante como o Facebook e o Twitter”. https://visao.pt/edicao-impressa/2024-01-10-edicao-1610/
O professor catedrático e especialista em comunicação considera que essa adesão juvenil a conteúdos políticos também se deve à irreverência natural dos jovens. “A definição política na adolescência faz-se normalmente por oposição a algo ou alguém: é sempre contra e raramente ‘a favor de ‘”. Para os adolescentes e jovens, o discurso contra revela-se muito mais apelativo.
As redes sociais foram construídas para pessoas e não para partidos e por isso se tem assistido a uma afastamento das ideias e uma valorização dos discursos pessoais, explica ainda. O que alguns partidos estão a fazer é a utilizar esses espaços para estabelecer relações diretas com os adeptos. Para o facto de estar a sobressair a direita radical nesta plataforma, Cardoso responde que é normal que assim seja. Quem está no poder tem sempre um uso mais comedido dessas plataformas.
Patrícia Silva, investigadora da Universidade de Aveiro, explica a partir de três pontos porque é que esta plataforma está a contribuir para a expansão dos conteúdos da extrema direita. Primeiro, os discursos populistas, simples, apelam às emoções; segundo, a controvérsia de alguns temas faz deles conteúdos virais; e terceiro, saber-se da possibilidade de os eleitores poderem amplificar esses conteúdos, ao disseminaram-nos. E isto pode acontecer mesmo que esses utilizadores não sejam ideologicamente próximos das perspectivas políticas.