O coordenador principal do projeto IBERIFIER, Ramón Salaverría, declarou no painel dedicado à literacia que integrou o V Congresso dos Jornalistas, que decorreu em Lisboa de 18 a 21 de janeiro, que o jornalismo precisa da literacia e deu um exemplo concreto: “Quando se mostra e ensina aos cidadãos a importância das fontes, isso transmite uma valorização do trabalho jornalístico. Quando se mostra que não é simples produzir jornalismo, estamos a mostrar que eventuais falhas não são deliberadas”. As notícias do congresso produzidas pelos estudantes estão reunidas neste site: https://congressojornalistas.pt/.
O painel que partia da questão “O jornalismo precisa de literacia para os média?” contou com Sofia Branco, diretora da Associação de Literacia para os Media e Jornalismo, Vítor Tomé, especialista internacional em Educação para a Cidadania Digital (Conselho da Europa); Maria João Brites, investigadora do Youth, News and Digital Citizenship, YouNDigital.
Todos eles responderam afirmativamente à questão colocada. Ramón Salaverría apontou o problema da credibilidade ao jornalismo e sublinhou que “a desinformação triunfa quando consegue que as pessoas duvidem de tudo”. Vítor Tomé explicou que a literacia não corresponde muitas vezes aos que as pessoas pensam que é. E, por isso, ela não é a panaceia para todos os males relacionados com a desinformação: “Ajuda, contribui, mas não resolve todos os problemas”, declarou.
Maria José Brites apoiou-se num estudo recente, ainda em fase de preparação, para falar do relacionamento dos jovens com as notícias. Mais de metade dos jovens ouvidos considera as notícias aborrecidas e uma percentagem muito semelhante nota ausência da sua presença nos conteúdos informativos.
Sofia Branco alertou para a necessidade do jornalismo fazer mais auto crítica. Está convencida que se os jornalistas se interrogarem mais e mostrarem aos cidadãos como se faz as notícias, despirem o processo de produção da notícia, o jornalismo sai valorizado.