Não aceitar tacitamente a informação só porque foi partilhada por um amigo e consultar fontes credíveis e as fontes das fontes, são algumas das recomendações para evitar os efeitos da desinformação relativa à guerra da Ucrânia, sintetizou Miguel Crespo, coordenador do projeto Iberifier, no programa “Conselho de Guerra”, transmitido pela rádio TSF, no dia 11 de março. O melhor antídoto para a desinformação é a dúvida, sublinhou.
No que se refere a um balanço do que tem sido mais comum acontecer em termos de informação, nos primeiros 15 dias de guerra, sobressai o recurso a fotos antigas de guerra e do conflito na Síria, onde tem sido usado armamento e tropas semelhantes. Em quantidade, têm vindo a circular no mundo Ocidental mais narrativas favoráveis à Ucrânia do que à Rússia e a tendência é aceitar as primeiras.
Isto acontece, explica o investigador do ISCTE, porque prevalece o mecanismo de validação sobre o que vai ao encontro das nossas posições, e essa particularidade justifica, aliás, o êxito da desinformação. “O Ocidente tomou o lado da Ucrânia, provavelmente com razão, e isso afeta o que aceitamos como verdade ou mentira”.
No mesmo programa, Luís Filipe Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas, manifestou-se contra a suspensão da transmissão dos dois canais russos na Europa. O bloqueio, defendeu, tornou o trabalho dos jornalistas mais difícil, uma vez que deixaram de ter elementos para relatar aquela parte da narrativa.