Guerras apelam sempre à emoção

Os conflitos bélicos são assuntos que apelam ao lado emotivo e por isso dividem facilmente a sociedade, defendeu Vítor Tomé, investigador especialista na área da literacia mediática, membro da equipa Iberifier, tendo por base o trabalho desenvolvido pelos peritos Herr e Huddleston (2015). Na mesa redonda sobre limites da comunicação em tempo de guerra, que decorreu a 28 de março, sublinhou a importância das estratégias para desmontar as narrativas dos média.

O professor da Universidade Autónoma explica que quando os jovens não entendem as notícias, como verificou nas suas pesquisas, a tendência é seguir a informação dominante na avenida principal. Vítor Tomé tem estudado a perceção das notícias pelas crianças que frequentam o primeiro ciclo e tem concluído que estas não só as consomem como gostam de as comentar, embora também muitas vezes tenham dificuldade em as entender.

As explicações foram proferidas durante o debate “Fronteiras da Comunicação em tempos de conflitos bélicos”, que decorreu a 28 de março, organizada pelo Grupo de Leitura CMC, Cultura, Media e Cidadania, em colaboração com o Grupo de Jovens Investigadores da SOPCOM.

A discussão do papel dos média na cobertura de conflitos contou ainda com Andreia Martins, designer de comunicação, que dirige a associação “Coolpolitics”, na qual desenvolve projetos de capacitação cívica e política, nomeadamente o programa “bem comum” e Pedro Rios, editor online do “Público”, que alertou, por exemplo, para o papel do humor na propagação de notícias falsas. “O que faz rir tende a ter sucesso”. No seu entender, em causa de dúvida sobre a veracidade da informação, a melhor estratégia é não as publicar ou esperar que estas sejam verificadas pelos jornais que têm equipas robustas de verificação como é o caso do “New York Times” ou “Washington Post”.

Otros artículos

“Ninguém pode publicar conteúdos enganadores sem sanção”, declara Miguel Crespo

A imitação do grafismo do jornal Público e da Rádio Renascença em várias peças publicadas em contas do Chega deve ter consequências, defende Miguel Crespo, investigador do IBERIFIER. Numa peça publicada pelo jornal Público...

Podcast “O Futuro do futuro”: “Os políticos procuram cada vez mais a desintermediação jornalística”

Gustavo Cardoso analisa a questão da desintermediação jornalística, que se está a concretizar pela utilização dos políticos das redes sociais para comunicar, sem recorrer aos jornalistas. "Os políticos procuram cada vez mais a...

Sobre IA: “História ensina que há sempre um excesso de expectativas sobre benefícios e malefícios das tecnologias da informação”

O investigador e professor do ISCTE Gustavo Cardoso, responsável pelo Iberifier em Portugal, declarou, em entrevista à Lusa, que a inteligência artificial (IA) é um desafio para o jornalismo como "para todas as áreas...

IBERIFIER em Lisboa: Ramón Salaverría anuncia desejo de expansão do projeto para países onde se fala português e espanhol

Após a conferência sobre os impactos da desinformação na política, sociedade, segurança, que teve lugar no dia 21 de junho, nas instalações da agência Lusa, realizou-se o encontro que juntou representantes das 23 entidades...

Conferência em Lisboa: Vídeo da sessão que juntou vários contributos sobre fenómeno da desinformação

A conferência "Desinformação: os impactos na Península Ibérica" que se realizou no auditória da Agência Lusa, em Lisboa, dia 21 de junho, contou com a intervenção de Augusto Santos Silva. Na ocasião, o presidente...