A aquisição do Twitter por Elon Musk suscita questões e receios. “Elon Musk compra o campo de futebol onde a democracia se joga”, declarou Gustavo Cardoso, professor do ISCTE, dia 27 de abril, ao podcast “Explicador”, do Observador. O que significa que independentemente da manutenção das dinâmicas e da relativa independência, o Twitter passa a estar sob alçada de um proprietário.
Gustavo Cardoso alerta: hoje em dia não é só o jornalismo que usa esta mediação, são os políticos e os milhões de portugueses que a escolhem e também todos aqueles que gostavam de ser comentadores e jornalistas em Portugal. O Twitter é “um espaço onde a política está e onde a democracia também se constrói”. Os políticos escrevem no Twitter, os jornalistas vão buscar essas declarações ao Twitter, e escrever sobre elas, para depois serem comentadas através do mesmo Twitter.
Elon Musk está a tirar partido do “Capitalismo comunicacional”, que valoriza tudo o que se diz, ou seja, sabe ganhar dinheiro com o que se diz. Elon Musk fala e esses produtos são valorizados ainda que indiretamente, e tornam-se êxitos comerciais.
Rita Figueiras, professora da Universidade de Católica, outras das intervenientes no programa, lembra que esta questão traduz dois pontos de vista sobre o que se pretende da liberdade de expressão: restituí-la ou limitar essa liberdade de expressão. Uma das vantagens desta compra é precisamente esta nova discussão à volta da liberdade de expressão e do que deve ser a moderação.