Gustavo Cardoso explicou na RTP que “vivemos numa crise comunicacional há algum tempo. Não é só uma crise ambiental”. O coordenador do Obercom, Observatório de Comunicação, e do IBERIFIER, baseou-se nos dados do “Digital News Report” 2022 https://obercom.pt/digital-news-report-2022-portugal/ para sustentar o seu ponto de vista, nomeadamente, na queda do interesse pelas notícias e na saturação provocada pelo tratamento dos mesmos temas pelos média.
“A atenção por parte das pessoas é um recurso limitado e esse aspeto não tem sido tomado em conta pelo conjunto de práticas informativas que tendem a criar uma relação complicada com as audiências”, disse no noticiário do canal 2, dia 20 de junho (a partir do minuto 24) https://www.rtp.pt/play/p9698/e624709/jornal-2 . O interesse pelas notícias caiu 17,5 pontos percentuais em Portugal de 2021 (68,6%), para 2022 (51,1%), e entre as razões para esse afastamento da informação estão o excesso de peças sobre a Covid-19, cansaço provocado pelo excesso de notícias de uma forma geral, e o facto de as notícias afetarem o humor. Refira-se que os dados foram recolhidos antes da guerra na Ucrânia.
A televisão continua a apresentar-se como a fonte principal de notícias para 53,% dos inquiridos, segundo o relatório que contempla outros 45 países, mas o acesso está cada vez mais repartido de forma idêntica entre esta e os outros meios digitais. “As redes sociais têm vindo a ganhar espaço” enquanto suporte de contacto com notícias, sublinhou Gustavo Cardoso. A internet e as redes sociais são já fonte principal para 36,1%. O acesso direto a notícias, através dos sites noticiosos dos órgãos de comunicação, tem vindo a perder pontos: passou de 20% em 2021, para 16,4% em 2022. Por outro lado, os motores de busca (28.2%) e as redes sociais (24,7%) lideram este acesso às notícias.