Onde estão os leitores dos jornais? No submundo da ilegalidade, que inclui partilhas de páginas de pdf, estão aos milhares. Mais de 600 mil portugueses leram imprensa diária e revistas pirateadas através do Whatsapp, revela um dos estudos mencionados pelo relatório Obercom “Distribuição Digital não autorizada de jornais em Portugal” https://obercom.pt/wp-content/uploads/2022/07/Imprensa_apps_mensagens_final_21Julho.pdf.
Outra das pesquisas que integra o relatório Obercom, parceiro do Iberifier, indica que o mercado total deste modelo de pirataria da imprensa movimentaria 144 milhões de euros, incluindo uma fatia de 44 milhões para os meios de comunicação e 2,5 milhões para o Estado, em resultado das receitas de IVA. Igual estimativa para Espanha aponta para um negócio que ascenderia a 1147 milhões de euros.
Uma análise etnográfica digital que incidiu num dos canais mais utilizados para o efeito no interior da aplicação Telegram permite ainda perceber que o argumento principal para se recorrer a estas páginas é o preço e o sentimento generalizado: a falta de responsabilização pela opção. “Os consumidores não valorizam estar a privar autores, editoras e intermediários do seu rendimento. Por outro lado, desvalorizam o ato, considerando uma pequena infração, uma vez que é um ato ocasional autojustificado pela necessidade de ter acesso pessoal ao conteúdo (por exemplo uma peça específica de um jornal)”, pode ler-se no relatório.
Segundo os autores do relatório, Gustavo Cardoso, Vania Baldi, Paulo Couraceiro, Miguel Paisana e Cátia Barros, “existe, portanto, espaço para campanhas de informação e sensibilização sobre o tema, sobretudo direcionado para casos concretos, com os quais os consumidores se identifiquem”.