Comunicação política confusa e ruidosa para uma esfera pública dividida

A comunicação em rede e a consequente sociedade interconectada alterou a composição da esfera pública, defendeu Gustavo Cardoso, dia 30 de setembro, na Antena 1. É possível distinguir na esfera pública uma esfera política a quem interessa temas muitos específicos, na qual estão as pessoas do Governo, das instituições, os comentadores e até aos jornalistas e, depois, uma outra parte onde está o resto da população, explicou o coordenador do projeto IBERIFIER à rádio pública. E esta clivagem, sublinhou, tem sido reforçada nos momentos de crise.

Gustavo Cardoso parte deste pressuposto para explicar porque é que as falhas na comunicação política podem ser tão determinantes. Considera que a comunicação do Governo, que tem apostado numa estratégia protagonizada por diferentes ministros, em vez de se focar num “homem forte”, como aconteceu no passado, não está a correr bem. Em termos de efeitos, a perceção que passa é que as “pessoas no Governo não se entendem”, declarou. Nesse sentido, o Governo não tem comunicado bem, considerou, embora esteja a tentar comunicar de forma diferente. O pretexto desta conversa era o balanço da comunicação política nos primeiros seis meses do Governo PS.

Os sucessivos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, em praça pública, são também interpretados por Gustavo Cardoso como “ruído” para a generalidade da classe política. A permanente intervenção cria uma disfunção política, está a eclipsar a oposição e a prejudicar, de uma forma geral, a comunicação dos atores políticos. Se durante a pandemia a sua presença constante nos média podia ter um papel tranquilizador, neste momento político perturba, sublinhou.

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