O “Webinar” promovido pelos Observatório Ibérico de Média Digitais e da Desinformação, IBERIFIER, durante o qual foram apresentados os primeiros resultados das pesquisas sobre Portugal, contou com a participação de Ramón Salaverría, professor da Universidade de Navarra, e coordenador geral do IBERIFIER, e de Gustavo Cardoso, responsável pela equipa de investigação portuguesa. O professor do ISCTE – IUL sublinhou que os trabalhos em curso visam não só compreender melhor a desinformação como produzir boas práticas para os jornalistas lidarem com este fenómeno. Ramón Salaverría evocou, entre outros aspetos, os estudos em curso que pretendem atuar na neutralização da desinformação, recorrendo, por exemplo, à Inteligência Artificial (IA).
“É preciso compreender a desinformação no quadro da sociedade em rede”, explicou Gustavo Cardoso, na sessão de 14 de fevereiro, transmitida via online. “Este é o primeiro passo do projeto para compreender a desinformação no quadro da comunicação em rede”. Durante a conferência foi divulgado o relatório sobre o “Impacto da desinformação na Indústria dos média em Portugal e Espanha” e o mapeamento dos média digitais existentes em Portugal, que podem ser consultados em:
https://iberifier.eu/2023/02/15/iberifier-reports-the-impact-of-disinformation-on-the-media-industry-in-spain-and-portugal/ e em https://map.iberifier.eu/.
Gustavo Cardoso destacou a complexidade do fenómeno desinformativo. “Deixamos de viver num mundo em que a autenticidade na comunicação social se baseava nos mass média, era factual. Hoje, a autenticidade é também individualizada e temos de lidar com um novo tipo de desinformação que é um subproduto da nossa forma de comunicar”.
Ramón Salaverría alertou para o facto de que o contexto de eleições, que vai marcar este ano de 2023 em Espanha, ser muito propício à disseminação de desinformação, de conteúdos deliberadamente falsos, que querem influenciar a opinião pública. Evocou ainda outras pesquisas IBERIFIER que estão a trabalhar no sentido de dar um contributo para desmontar o fenómeno numa dimensão tecnológica. “Entre as nossas pesquisas estão as que incidem na área da computação e a IA, para tentar neutralizar o campo desinformativo”. A tecnologia por si só não resolve tudo, mas há algumas vantagens na sua aplicação, explicou.