O investigador e professor do ISCTE Gustavo Cardoso, responsável pelo Iberifier em Portugal, declarou, em entrevista à Lusa, que a inteligência artificial (IA) é um desafio para o jornalismo como “para todas as áreas de atuação humana” e lembra que as tecnologias não são neutras.
Sublinhou que uma das coisas que a história ensina com todas as tecnologias de comunicação é que há sempre “uma expectativa muito superior quanto aos benefícios e aos malefícios da mesma” e que, “depois de um período inicial, onde muitas pessoas fazem muito dinheiro com a ideia do que é que aquilo vai fazer, na prática depois vamos reajustando e vamos percebendo quais são efetivamente os usos que podemos fazer da mesma”, prossegue. Com a inteligência artificial irá provavelmente “acontecer a mesma coisa”, disse.
“Como todas as tecnologias, tudo depende de quem as usa e para que fins, as tecnologias não são neutras”, respondeu, quando questionado sobre o impacto da IA. Não são neutras porque têm efeitos que “influenciam determinados comportamentos, determinadas atuações, mas também não são nem boas nem más”, depende do uso que lhes é dado, referiu em entrevista à agência Lusa.
Portanto, “a decisão é sempre humana, mesmo na inteligência artificial”, afirmou à agência Lusa, a qual “não é artificial, é desenhada por nós”, prossegue.
Trata-se de uma “inteligência desenhada por humanos e que nós chamamos inteligência artificial porque estamos a tentar recriar, como uma espécie de objetivo último, uma forma de funcionar como os humanos funcionam”.
Agora, aquilo que irá acontecer nos próximos anos sobre a IA será, primeiro, “uma grande expectativa sobre o que é que pode acontecer para o bem e para o mal e depois uma lenta adaptação à realidade”. Foto agência Lusa: António Pedro Santos