“Todos nós gostamos de histórias. Crescemos a ouvi-las e quando chegamos à idade adulta continuamos fascinados por elas”, disse Miguel Crespo, o coordenador do projeto Iberifier, ao Expresso, para explicar que o gosto pelas narrativas ficcionadas também justifica o êxito das “fake news” Vítimas da infodemia: “O que faz aceitar teorias da conspiração é igual ao que leva ao terrorismo” – Expresso.
“Se calhar gostamos mais de ficção por ser mais livre, porque, quando se constrói uma narrativa com base numa ideia e não num facto, ela pode ser tudo o que quisermos”, referiu, no dia 3 de março. “Quando falamos de desinformação, estamos a falar de ficção”.
Miguel Crespo deu exemplo de algumas das notícias falsas que circularam durante o início da pandemia Covid-19, que foram analisadas pela equipa CovidCheck.pt, que integrou. Uma delas: o uso prolongado de máscara pode provocar intoxicação por dióxido de carbono e Bill Gates já tem uma vacina contra a Covid-19. Outra das razões para o êxito das falsidades prende-se com a tendência para se ser mais recetivo à informação que reforça o que pensamos.
O psicólogo Miguel Ricou, outros dos peritos ouvidos pelo Expresso sobre esta matéria, sublinhou que somos menos racionais do que julgamos. Respondemos sobretudo ao que sentimos, disse.
No mesmo dia, à TSF https://www.tsf.pt/mundo/guerra-da-desinformacao-russia-proibe-palavra-guerra-ocidente-com-mais-falsificacoes-positivas-para-o-lado-ucraniano-14643436.html?fbclid=IwAR2MsayMM5Zry2U0MzVDKxBSmwB4vzhQ2uc-HhBNz8CpW-0SBY_aRPjM_L8 , Miguel Crespo explicou que o procedimento mais comum que está a ser utilizado nas desinformação relacionada com a guerra, é a descontextualização da informação real.
Estão a ser usados vídeos e imagens de 2014, que são apresentados como se fossem de 2022. “Até videojogos a passar por reais. No fundoi, é pegar em algo que foi facto e transformá-lo em mentira”.